Proteínas alternativas

O interesse em proteínas alternativas tem crescido rapidamente nos últimos anos, impulsionado por preocupações éticas, ambientais e de segurança alimentar. Com a crescente pressão para encontrar maneiras mais mais eficazes e éticas na produção de alimentos, surgiram diversas soluções para substituir ou complementar as fontes tradicionais de proteína animal.

Uma das motivações para isso é o aumento exponencial da população, que tem estimativa em 10 bilhões de pessoas no ano de 2050, isso gerou uma urgência na mudança no sistema alimentar global. As proteínas alternativas surgem como uma tecnologia emergente que dá ótima resposta para este problema, já que poderão ser muito mais eficientes que os modelos atuais de produção alimentar. As proteínas alternativas podem oferecer um uso de recursos de produção muito menor e também uma nutrição mais adequada, haja visto que podem conter todos os benefícios dos alimentos tradicionais de origem animal sem os seus malefícios. Além disso, o tema é de interesse para defensores dos animais, pois – acompanhado de uma postura ética de não exploração – tem grande potencial de substituir o consumo de animais e reduzir a crueldade e o sofrimento provenientes da exploração animal, o que é importante já que a maioria dos animais explorados é para alimentação.

Com exceção do uso de insetos para alimentação, as proteínas alternativas representam um avanço significativo no campo da alimentação sem prejudicar os seres sencientes. Com a crescente conscientização sobre os impactos ambientais e éticos da produção tradicional de proteína animal, essas alternativas oferecem soluções inovadoras para satisfazer a demanda por alimentos ricos em proteínas, ao mesmo tempo que reduzem a pegada de carbono e o sofrimento animal. Seja por meio de proteínas vegetais, agricultura celular ou fermentação, o futuro das proteínas alternativas é promissor.

As proteínas alternativas estão relacionadas à áreas como engenharia alimentar, engenharia química, engenharia genética, engenharia de materiais, bioquímica, biologia celular, biologia molecular, biologia sintética, biotecnologia, microbiologia, zootecnia celular, nutrição, segurança alimentar, entre outras. A indústria de proteínas alternativas está em grande expansão e conta com diversas projeções de concorrer – a até ultrapassar – com a carne tradicional em algumas décadas.

Essa página mapeia os principais tópicos sobre proteínas alternativas, além das principais organizações, empresas, textos e livros que fazem a defesa dessas tecnologias disruptivas para ajudar os animais.

  1. Tipos de proteínas alternativas
    1. Proteínas vegetais
    2. Agricultura celular
    3. Fermentação
    4. Produtos híbridos
  2. Pessoas
  3. Organizações
  4. Principais empresas
  5. Textos
  6. Livros

Tipos de proteínas alternativas

Proteínas vegetais

As chamadas proteínas vegetais são alimentos derivados de fontes vegetais, como legumes, verduras, grãos, sementes e outros produtos botânicos. Elas têm sido amplamente adotadas por pessoas que buscam uma dieta alimentar baseada em vegetais e que desejam reduzir seu consumo de produtos de origem animal por razões éticas, ambientais ou de saúde. Muitos produtos de proteínas vegetais são análogos aos produtos de origem animal, ou seja, tentam imitar os alimentos de origem animal – em textura, gosto e aroma – em suas versões à base de vegetais. Esses produtos simulam carnes, leites e queijos vindos de animais, sendo assim chamados de simulacros. Estes simulacros ajudam as pessoas a deixarem de consumir animais por terem sabor semelhante ao dos produtos animais, sem que prejudiquem os animais. Há também produtos vegetais que não tem a pretensão de imitar produtos animais, trazendo outras opções de sabores e texturas.

O primeiro produto de proteína vegetal que imita carne lançado no mundo foi o “Protose”, criado pelos irmãos Kellogg em 1877. Protose era um substituto de carne vegetal feito de amendoim, glúten de trigo e vários outros ingredientes vegetais, marcando uma tentativa inicial de desenvolver alternativas à carne. No entanto, só recentemente as proteínas vegetais que imitam carne ficaram populares e atingiram sabor e aparência praticamente indistinguíveis dos produtos animais, com lançamentos como os das populares empresas Beyond Meat e Impossible Foods, em 2013 e 2014, respectivamente. Já no Brasil, o primeiro hambúrguer vegetal análogo ao de origem animal foi lançado em 2019, pela Fazenda Futuro, em 2024 já há uma boa variedade de produtos do tipo.

Carnes vegetais

As carnes vegetais são produtos que geralmente imitam o sabor, a textura e a aparência da carne animal, mas são feitas de ingredientes vegetais também chamados de plant-based (à base de plantas). Geralmente, essas carnes utilizam proteínas de soja, ervilha ou outras fontes vegetais, juntamente com aditivos para reproduzir a o sabor, a textura, a suculência e a mastigabilidade da carne. Marcas como Beyond Meat, Impossible Foods e Fazenda Futuro ganharam popularidade ao fornecer opções convincentes para quem deseja reduzir seu consumo de carne sem sacrificar o sabor ou a experiência gastronômica.

Leites vegetais

Os leites vegetais são alternativas ao leite de origem animal, feitos a partir de ingredientes como soja, coco, amêndoas, aveia, arroz, entre outros. Estes produtos são populares entre veganos, pessoas com intolerância à lactose ou simplesmente aqueles que procuram uma opção mais ética ao leite de vaca. Os leites vegetais também tendem a ser mais baixos em gordura saturada e não contêm colesterol.

Queijos vegetais

Os queijos vegetais geralmente buscam imitar a textura, o sabor e as características do queijo animal, usando ingredientes como batata, castanhas, amêndoas, soja, entre outros. Com o aumento da demanda por opções livres de produtos animais, os queijos vegetais evoluíram para incluir variações que derretem e gratinam de maneira semelhante aos queijos de origem animal.

Agricultura celular

A agricultura celular é um campo inovador que busca produzir carne, leite e outros produtos de origem animal sem a necessidade de criar ou abater animais. A tecnologia envolve o cultivo de células em laboratório para criar produtos que sejam idênticos, do ponto de vista celular, aos tradicionais. Com a agricultura celular é fornecido para as células os meios necessários para que elas se desenvolvam, de maneira semelhante ao do crescimento natural das células, ou seja, nutre-se as células para que se multipliquem.

Os primeiros produtos alimentares de cultura celular lançados comercialmente foram a insulina e o coalho no final do século XX. Esses produtos marcaram o início da comercialização da agricultura celular, sendo a insulina um produto geneticamente modificado aprovado pela FDA em 1990. Já o primeiro produto de carne cultivada lançado no mundo foi o hambúrguer apresentado pelo professor Mark Post da Universidade de Maastricht em 2013.

Carne cultivada

A carne cultivada é produzida a partir do cultivo de células de animais em um ambiente controlado, eliminando a necessidade da morte de animais. Este método de produção tem o potencial de reduzir todo o impacto associado à criação de animais, ao mesmo tempo que atende à demanda por carne.

Leite cultivado

O leite cultivado é uma abordagem que utiliza células animais ou técnicas de fermentação para criar componentes do leite, como proteínas e gorduras, sem a necessidade de vacas. O leite celular é produzido através da coleta de células de um animal, em seguida, essas células são multiplicadas em um tanque ou biorreator.

Outros cultivos

Além da carne e leite, com culturas de células é possível produzir também ovos, gelatinas, materiais e tecidos. Uma hipótese é que no futuro essa tecnologia permita a produção de órgãos e produtos com estruturas mais complexas.

Fermentação

A fermentação é um processo biológico que envolve a transformação de substratos por meio da ação de microrganismos, como bactérias e leveduras, ou seja, o processo em que os microorganismos transformam matéria orgânica em outros produtos e energia. A fermentação tem sido usada tradicionalmente para a produção de alimentos, mas nos últimos anos tem se expandido para incluir novas formas de produção de proteínas e conservação de vegetais. A fermentação pode ser utilizada para criar ingredientes que fornecem características semelhantes ao dos produtos de origem animal que tecnologias à base de vegetais e de cultura celular podem ser deficientes, sendo um ótimo recurso para complementar proteínas alternativas.

Fermentação tradicional

A fermentação tradicional é usada há séculos para produzir alimentos como pão, cerveja, vinho, iogurte e queijos de origem animal. Este processo envolve a ação de microrganismos para criar produtos com sabores e texturas únicos. Esse tipo de fermentação tradicional também tem sido explorada para a produção de proteínas alternativas, como no caso do tempeh, um produto feito de soja fermentada.

Fermentação de biomassa

A fermentação de biomassa é um método no qual grandes quantidades de microrganismos são cultivadas para produzir proteínas isoladas ou lipídios, por exemplo. Este processo pode ser utilizado para criar alternativas à carne ou outros produtos ricos em proteínas. Há empresas que utilizam fermentação de biomassa para produzir proteínas a partir de um tipo de fungo, por exemplo.

Fermentação de precisão

A fermentação de precisão envolve o uso de engenharia genética para programar microrganismos a fim de produzir proteínas específicas. Este método é utilizado para criar produtos como proteínas do leite sem a necessidade de vacas, ou mesmo proteínas únicas que podem ser utilizadas em substituição aos produtos animais. A fermentação de precisão pode produzir ingredientes funcionais específicos como aminoácidos, vitaminas, enzimas, pigmentos e fatores de crescimento que podem ser utilizados na agricultura celular.

Produtos híbridos

Os produtos híbridos misturam diferentes um ou mais processos de produção. Diferente de apenas proteínas vegetais, fermentados ou cultura celular, as proteínas alternativas híbridas mesclam essas diferentes técnicas para criar novos produtos.

Pessoas

NomePerfil / Rede social
Amanda Leitolis@leitolis
Bruce Friedrich@brucegfriedrich
Carla Forte Maiolino Molento@carla_molento
Gabriela Bussi de Oliveira@gabiibss
Germano Glufke Reis@germano-glufke-reis
Gustavo Guadagnini@grguada
Isabela de Oliveira Pereira@isabela-de-oliveira-pereira
Juliana Do Canto Olegário@juli_olegario
Marina Sucha Heidemann@marinasucha

Organizações

OrganizaçãoSiteFoco(s)
Cellular Agriculture Australiacellularagricultureaustralia.orgAgricultura Celular
Good Food Institutegfi.orgProteínas Alternativas
Ket Food Maps | kindearth.technewprotein.org | kindearth.tech/ket-food-mapsProteínas Alternativas
Modern Agriculture Foundationmodern-agriculture.orgProteínas Alternativas
New Harvestnew-harvest.orgAgricultura Celular
Plant Based Foods Associationplantbasedfoods.orgProteínas Alternativas
Protein Directoryproteindirectory.comProteínas Alternativas
Protein Reportproteinreport.orgProteínas Alternativas
UFMG Alt Protein Projectinstagram.com/ufmgaltproteinProteínas Alternativas

Principais empresas

EmpresaSiteProduto(s)
Aleph Farmsaleph-farms.comCarne cultivada
allplantsallplants.comRefeições à base de vegetais
Better Meat Cobettermeat.coCarne à base de fungos
Beyond Meatbeyondmeat.comCarne à base de vegetais
Daiya Foodsdaiyafoods.comLaticínios à base de vegetais
Eat Justju.stOvo à base de vegetais
Fazenda Futurofazendafuturo.ioCarne à base de vegetais
Finless Foodsfinlessfoods.comCarne cultivada de peixes
Follow Your Heartfollowyourheart.comLaticínios à base de vegetais
Believerbelievermeats.comCarne cultivada de aves
Gardeingardein.comCarne à base de vegetais
Impossible Foodsimpossiblefoods.comCarne à base de vegetais
Meatless Farmmeatlessfarm.comCarne à base de vegetais
Mosa Meatmosameat.comCarne cultivada
Nice Foodsnicefoods.com.brLaticínios à base de vegetais; Levedura nutricional
NotConotco.comCarne à base de vegetais, Leite à base de vegetais
Oatlyoatly.comLaticínios à base de vegetais
Perfect Dayperfectday.comLaticínios com fermentação de precisão
Superbomsuperbom.com.brCarne à base de vegetais
Thisthis.coCarne à base de vegetais
Tofurkytofurky.comCarne à base de vegetais
Upside Foodsupsidefoods.comCarne cultivada de aves
VFC Foodsvfcfoods.comCarne à base de vegetais de aves

Confira o mapa completo de empresas de proteínas alternativas no Brasil aqui, no mundo clicando aqui e aqui.

Textos

TextoDataAutor(es)
What is Cell Ag?New Harvest
Precision fermentationRethinkX
Defining alternative proteinGood Food Institute
A Tecnologia de Proteínas VegetaisGood Food Institute Brasil
A Tecnologia de FermentaçãoGood Food Institute Brasil
A Tecnologia de Carne CultivadaGood Food Institute Brasil
90 Reasons to Consider Cellular Agriculture2019Kristopher Gasteratos
Beyond the Trend: The History of Plant-Based Meat2023Lever Foundation
Demand changes meat as changing meat reshapes demand: The great meat revolution2023Diversos autores
Why Do Some Critics Still Call It Lab-Grown Meat?2023Jennifer Mishler
10 motivos pelos quais a carne cultivada deve superar a carne tradicional2023Julio Cesar Prava
The Comforting Lie of Climate-Friendly Meat2023Jan Dutkiewicz
Por que não apostamos em insetos como fonte de proteína alternativa2024Gustavo Guadagnini

Livros

LivroDataAutor(es)
The End of Animal Farming: How Scientists, Entrepreneurs, and Activists Are Building an Animal-Free Food System2018Jacy Reese Anthis
Meat: the Future series – Alternative Proteins2019World Economic Forum
Formulating With Animal-Free Ingredients2019Institute of Food Technologists
Glossário de Carne Cultivada2020Good Food Institute Brasil
Modelo Conceitual: Plano de Ensino Para Disciplinas em Proteínas Alternativas2023Good Food Institute Brasil
Key Terms in Cellular Agriculture2023Cellular Agriculture Australia
Media Guide – How to talk about cellular agriculture effectively2024Cellular Agriculture Australia