Assim como no dia-a-dia, há muitas pessoas famosas que criticam aqueles que são contra a crueldade com os animais e que optam por não explorá-los. Um destes críticos foi o chef, apresentador e escritor norte-americano, Anthony Michael Bourdain. Após longo período de depressão o famoso chef cometeu suicídio – dia 8 de junho – o que criou uma polêmica dentro do veganismo.
Antes de morrer, Anthony, que era polêmico e tinha fama de bad boy, foi um declarado explorador animal e um grande crítico do veganismo, isto fez com que algumas pessoas comemorassem sua morte, por outro lado, outros veganos lamentaram o suicídio.
Claramente o chef não tinha compaixão com os animais, em cenas do seu programa de TV, por vezes ele gostava de fazer graça e de humilhar os animais que matava. Uma vez cobriu seu rosto com o sangue de um cervo que ele mesmo havia assassinado, já em outro espetou um polvo vivo e depois removeu seu cérebro. Em outro episódio ele declarou que arrancou as estranhas de um pato ainda vivo.
O chef não só era orgulhoso de matar animais como também declarava guerra aos vegetarianos e veganos. Dizia ele:
“Os vegetarianos, e sua facção parecida com o Hezbollah, os veganos, são irritantemente persistentes para qualquer chef que se preze. Para mim, a vida sem caldo de vitela, gordura de porco, salsicha, carne de órgãos, demi-glace, ou mesmo queijo fedido é uma vida que não vale a pena ser vivida.”
Em outra frase polêmica, Anthony disse:
“Se você não gosta de queijo, você deve se matar.”
Paul Watson, fundador do Sea Shepherd Conservation Society e cofundador e diretor da fundação Greenpeace, em seu facebook, citou polêmicas em que o chef se envolveu e declarou:
“Suicídio nunca é algo para se sentir feliz. Existem muitos fatores emocionais, físicos e mentais complexos envolvidos quando alguém decide terminar sua vida. Mas o ponto é que ele tomou essa decisão. Suas vítimas nunca tiveram a escolha. Talvez ontem ele tenha simplesmente decidido que não gostava de queijo e seguiu seu próprio conselho.”
Por outro lado, Gary L. Francione, o fundador da corrente abolicionista do veganismo, também no facebook, disse:
“Eu vi um número de posts absolutamente vil de pessoas que afirmam ser veganas celebrando a morte por suicídio de Anthony Bourdain. Bourdain não era diferente de qualquer outro não-vegano. Aqueles veganos que celebravam o suicídio de Bourdain, mas não festejariam o suicídio de seus parentes e amigos não-veganos, são apenas hipócritas misantrópicos.”
Anthony Bourdain em sua vida certamente causou muita dor e sofrimento por ter glorificado e investido ativamente na exploração animal, o que logicamente faz com que sua morte tenda a ser benéfica aos animais, por outro lado, a doença que o levou a tirar a própria vida é algo absolutamente lamentável.
Apesar de seu desprezo público por veganos e comida vegana, há alguns meses, ainda que de forma conservadora, ele acabou ressaltando o hambúrguer à base de plantas Impossible Burguer dizendo:
“Tem muita gente com fome no mundo. Eu acho que se este é um meio de fornecer proteína necessária para pessoas que precisam de proteína para viver, eu acho que sou a favor disso.”
Além disso, em seus últimos anos de vida, ele estava reconhecendo e tentando mudar os problemas da sua imagem, sua última melhora neste sentido ocorreu ao ter apoiado o movimento #MeToo, se colocando a favor da luta das mulheres.
No Brasil, temos alguns chefs parecidos com Anthony Bourdain, como é o caso de Henrique Fogaça, Érick Jacquin e de Alex Atala que postam imagens chocantes com animais e criticam o veganismo o que desperta a ira dos defensores animais.
É provável que a maioria das pessoas que ficam indignadas com veganos que comemoraram a morte de Bourdain ou que atacam pessoas que vangloriam a morte de animais não são veganas, ou seja, elas também são aquelas que causam sofrimento e que dão mais valor aos humanos, ignorando o sofrimento e morte dos animais de outras espécies. Como alguns ressaltam, toda agressividade nas palavras de um vegano não são nem de perto tão violentas e não se equiparam ao sofrimento causado por exploradores de animais, e isto levanta questões interessantes: Consiste em especismo atacar veganos que comemoraram a morte de uma pessoa fundamentalmente má para os animais? Comemorar algo assim traz algum benefício ou dano ao veganismo? Há algum ponto em que ponto o conflito entre direitos e a violência torna-se aceitável? Devemos evitar todo e qualquer discurso de ódio? Qual é o limite da empatia com quem não tem empatia?
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