Muitas vezes, não percebemos que alguns dos alimentos e produtos que consumimos diariamente estão relacionados à exploração animal de alguma forma.
Por exemplo, o corante carmim e as gelatinas são provindas da morte de animais. Há também outras lacunas de informação sobre alimentos e nutrição que habitam o senso comum. Uma delas é a falsa crença de que devemos consumir produtos de origem animal para obtermos proteína e para sermos saudáveis.
Para além dessas visões errôneas, alguns estudos têm revelado equívocos surpreendentes sobre as origens dos alimentos. Confira abaixo algumas das informações que eles trouxeram:
Cachorro-quente, bacon e hambúrguer vêm das plantas?
Um estudo publicado no Journal of Environmental Psychology descobriu que um número significativo de crianças de 4 a 7 anos acredita incorretamente que certos produtos cárneos vêm de plantas.
40% achavam que cachorros-quentes cresciam em plantas, 41% achavam que bacon vêm das plantas e 36% pensavam que hambúrgueres vinha das plantas. Além disso, mais de um terço categorizou nuggets de frango como um alimento vegetal.
44% das crianças também identificaram incorretamente o queijo como um alimento vegetal e 25% das crianças não conseguiram identificar corretamente o camarão como um produto de origem animal.
Os pesquisadores observaram que mesmo alimentos com nomes de animais, como nuggets de frango, foram classificados erroneamente por muitas crianças como de origem vegetal.
Surpreendentemente, o alimento mais incompreendido no estudo foram as batatas fritas, com 47% das crianças acreditando que se trata de um produto de origem animal. Pipocas e amêndoas também foram comumente classificadas erroneamente como de origem animal por mais de 30% das crianças.
Essa ausência de educação precisa ser sanada para evitar problemas futuros sobre consumo. Ajudar as crianças a compreender de onde vem a sua alimentação, seja de origem vegetal ou animal, pode ter implicações importantes nas suas escolhas éticas no futuro e em bons hábitos alimentares.
Leite com chocolate vem de vacas marrons?
É compreensível que crianças não tenham informação necessária sobre assuntos importantes como a alimentação, no entanto, a desinformação sobre coisas básicas também impacta os adultos.
Uma pesquisa de 2017, do Innovation Center for U.S. Dairy, descobriu que 7% dos americanos acreditam que o leite com chocolate vem de vacas marrons. Este equívoco foi mais prevalente entre os millennials, com 48% sem saber de onde realmente vem o leite com chocolate.
A desinformação sobre o consumo alimentar
A ignorância sobre o consumo pode ser ausência de conhecimento e por conta de uma educação inadequada, mas também pode ser uma estratégia de lucro, isso porque uma prática comum de várias indústrias é ressaltar os prós e tentar ocultar os contras de como são feitos seus produtos, com isso, as pessoas podem não saber as origens dos alimentos.
É por isso que, por exemplo, poucas pessoas sabem que a maior fonte de sofrimento e assassinatos de origem antropogênica no mundo não vem da criminalidade ou das guerras entre humanos, e sim da indústria de exploração animal. Essa visão oculta da realidade, ajuda para que os humanos não se choquem com essa catástrofe moral.
A publicidade e o lobbying dos exploradores
As indústrias de exploração animal, tentam reforçar a normalização da crueldade distanciando-a do produto final, além de tentarem fazer campanhas para atrasar mudanças benéficas no sistema alimentar. Há também muitas imagens e textos que mostram animais explorados felizes. Um exemplo icônico são as propagandas da Sadia, veiculadas na TV brasileira, onde um peru está contente ao ver e consumir aves mortas.

É corriqueiro o uso de estratégias de marketing para ressaltar o prazer e o hábito de comer carne, no entanto, sempre é distorcido ou ocultado o que está por trás do produto final, os contras, portanto, ficam ausentes como o sofrimento e morte dos animais, os impactos ambientais e para a saúde das pessoas no consumo dos produtos.
É isto que a ativista Carol J. Adams chama de referente-ausente, em seu livro “A Política Sexual da Carne“. Fomos educados para consumir produtos de origem animal sem a referência de que aquele produto veio da exploração e do abuso de um indivíduo que não queria ter experiências negativas, nem ter sido morto.
Assim como a indústria do tabaco, no passado, investiu em publicidade e fez lobby entre cientistas para tentar manter sua credibilidade, a indústria agropecuária faz hoje, ocultando ou desinformando sobre o que as pessoas estão consumindo. Claro, isso também faz parte de outras indústrias, o mesmo ocorre com o agronegócio ao aprovar agrotóxicos que podem ser extremamente prejudiciais aos humanos e para os animais.
Contra a exploração
Ainda que o cenário seja bem ruim, na contramão da indústria pecuária e pesqueira, documentários investigativos como Dominion e Terráqueos revelam as normas padrão da indústria de exploração animal, confrontando, a visão idealizada da produção de alimentos de origem animal. Agências jornalísticas, como a Pública, Repórter Brasil e Intercept confrontam o lobby do agronegócio.
Claro, só isso não é o bastante, para além de mostrar os males causados para trilhões de animais mortos para servir os humanos anualmente, é preciso repensar toda a discriminação que permite colocar os animais como inferiores, conhecida como especismo, mostrando o veganismo como uma alternativa mais ética, acessível e descomplicada.





Deixe um comentário